31 maio 2007

News Flash: More success!

Over half of Starbucks' milk supply is now free of artificial growth hormones. Thanks to many calls, email, and protests from healthy food advocates, Starbucks has upped its rBGH-free milk supply from just 27% to 51% of its total milk supply since the end of 2006.

Starbucks promotes itself as a socially responsible company and, with more than 6,000 stores nationwide, buys a lot of milk. If Starbucks made a complete switch to rBGH-free milk it would send a strong message to the dairy industry about consumers distaste for recombinant bovine growth hormone.

In January, Starbucks' stores in: Alaska, Washington, Oregon, northern California, northern Nevada, New Mexico, Montana, Idaho, Texas, Maine, New Hampshire, parts of Connecticut, Massachusetts, Vermont, and Rhode Island were rBGH-free. Now Starbucks has added Arizona, southern Nevada, Colorado, Wyoming, Washington D.C., Virginia, Maryland, parts of Pennsylvania, and parts of New Jersey to its list of rBGH-free store locations. This is great news! And comes hard on the heels of many other brands getting added hormones out of their milk supply.

Keep the pressure up:

Call Starbucks at: 1 (800) 235-2883

The line should be staffed Mon - Fri 5 AM - 6 PM PST. (Click here for talking points.)

Or send an email .


***

In other news, we have free postcards to distribute regarding the offensive plan to label irradiated food as "cold pasteurized," "electronically pasteurized", or to even leave products unlabeled. If you would like free postcards to give to friends, farmer's markets, health food stores, etc. email food(at)fwwatch.org with your mailing address and the number of postcards you would like.

Thank you!

~Audrey Hill
Food & Water Watch

30 maio 2007

Em busca de uma economia ecológica I

Fonte: OEco
José Augusto Pádua - É doutor em Ciências Políticas, professor-adjunto da
Universidade Federal do Rio de Janeiro e autor de livros que temperam qualquer
estante de História do Brasil.
23.05.2007

Não foram poucos os que apontaram a irônica identidade de sufixo entre os dois pólos de uma das mais emblemáticas clivagens políticas do mundo contemporâneo: economia versus ecologia. Penso, assim como vários outros analistas, que a chave para uma integração harmoniosa entre os dois pólos encontra-se na própria etimologia de ambas as palavras (derivada do grego). A administração ou organização da ?casa? (eco-nomia) deveria basear-se no conhecimento da 'casa' (eco-logia). Ou seja, a economia deveria subordinar-se à ecologia. Em primeiro lugar devemos conhecer o planeta em que vivemos para depois, com base neste conhecimento, estabelecer de maneira inteligente e sustentável os nossos padrões de produção e consumo no interior do mesmo. Parece muito racional. Mas, em torno deste debate, explodem os mais diversos conflitos e contradições envolvendo diferentes heranças históricas, interesses de curto, médio e longo prazo, valores e visões de mundo etc. O fato é que já se passaram mais de três décadas desde o início dos anos setenta, quando o debate ambiental começou a adquirir forte presença na opinião pública global, e a clivagem insiste em permanecer, oscilando entre avanços e retrocessos.

No Brasil do segundo governo Lula, quando a oposição formal parece ter perdido qualquer indício sério de possuir algum rumo, uma das poucas fontes de emoção no debate político refere-se justamente a mais uma encarnação da velha clivagem. Com presença marcante no interior do próprio governo, que reflete o conflito entre diferentes setores da sociedade, manifestado inclusive no jogo pesado dos diferentes grupos de interesse e seus mecanismos de pressão política, o território brasileiro está se transformando em um verdadeiro campo de batalha entre argumentos ecológicos e econômicos (biocombustíveis, transgênicos, transposição do São Francisco, hidrelétricas do Madeira e por aí vai...).

Diante desta situação conflituosa, quero compartilhar com os leitores de O Eco algumas reflexões sobre o que pude observar durante a Nona Conferência Bianual da International Society for Ecological Economics (ISEE), que reuniu em Nova Delhi, no final do ano passado, cerca de 800 pesquisadores envolvidos no esforço (talvez inglório) de unificar, ou pelo menos aproximar, as racionalidades específicas da ecologia e da economia.

Um ponto de partida interessante encontra-se na descoberta de que tal esforço não é tão novo quanto parece. Foi o que demonstrou o atual presidente da ISEE, Joan Martinez Alier, em um livro tão surpreendente quanto erudito, que possui o título aparentemente singelo de "La Economia y la Ecologia" (Fondo de Cultura Económica, 1991).* Com base em uma pesquisa inovadora e minuciosa, Alier revelou que no final do século XIX e início do XX, momento mesmo da formalização e institucionalização da economia como disciplina científica, alguns analistas buscaram aproximá-la das novas tendências que então se desenvolviam nas ciências da natureza - como a termodinâmica e a biologia evolucionista "esboçando uma leitura mais material e realista das condições da produção humana no contexto dos fluxos e ciclos bio-geo-químicos que constituem e renovam constantemente o planeta Terra".

O próprio Rudolf Clausius, pai da famosa segunda lei da termodinâmica, que define o princípio da entropia, preocupou-se, em um texto de 1885, com a dissipação do que chamou de "estoques de energia na natureza", alertando, com base na questão do uso do carvão, para o fato de que a humanidade não deveria comportar-se como um jovem inconseqüente que desperdiça a sua herança.

Vários outros pensadores da época, como Serhii Podolinsky, Eduard Sacher, Patrick Geddes, Leopold Pfaudler, Henry Adams, Bernard Brunhes, Frederic Soddy, Wilhelm Ostwald e Josef Popper, preocuparam-se em medir as bases energéticas do trabalho humano e da produção econômica, tomando em sério também o tema da oferta limitada de recursos energéticos e materiais do planeta.

Do ponto de vista teórico, a crítica essencial, que ainda hoje se mantém viva, pode ser encontrada em uma carta escrita em 1883 pelo biólogo, urbanista e economista Patrick Geddes para Leon Walras, um dos pais da teoria neoclássica e da formalização matemática dos sistemas econômicos. Segunda Geddes, a economia matemática estava iludida ao imaginar que poderia se desenvolver "sem a assistência da física aplicada nos estudos de produção material e sem a assistência da biologia nos estudos sobre os organismos que formam a sociedade". Defendia também que a economia dialogasse com a psicologia, a história e a antropologia.

É claro que todos esses esforços foram frustrados e, na verdade, quase submetidos ao completo esquecimento teórico, devido à crescente hegemonia histórica da teoria neoclássica e de sua visão subjetivista, desencarnada e monetarista do processo econômico. Uma visão que pode ser classificada como "flutuante", na medida em que vê a humanidade como algo flutuando acima do planeta.

Alier discute, por exemplo, o debate na London School of Economics dos anos 1940 entre Lancelot Hogben, que defendia a necessidade de produzir "estatísticas vitais" sobre populações, recursos, padrões de nutrição etc., e o futuro prêmio Nobel da economia Friedrich Hayek, para quem os aspectos físicos das mercadorias, inclusive dos alimentos, não tinham qualquer importância teórica.

Para o economista interessava apenas conhecer as preferências subjetivas dos consumidores.

É claro que os autores pioneiros analisados por Alier, cujo trabalho teórico poderia ter estimulado a formação de uma ciência econômica mais próxima da ecologia, algo que agora se está tentando construir com tanta urgência, viviam em um mundo bastante diferente do nosso. Mas, pensando bem, talvez não tão diferente. Se substituirmos o carvão pelo petróleo, por exemplo, na dramática formulação de Henry Adams, feita em 1903, talvez estejamos escutando, infelizmente, um alerta extremamente atual: ?somos escravos do carvão e acabaremos morrendo com o nosso Senhor?.

De toda forma, foram necessárias muitas décadas para que uma nova onda de esforço concentrado na busca por uma economia ecológica pudesse aparecer. No início da década de 1970, já no contexto da emergência de um ambientalismo com forte perfil na opinião pública, alguns nomes como Nicholas Georgescu-Roegen, Herman Daly e Ignacy Sachs começaram a constituir o campo propriamente dito da "economia ecológica", que desde então não parou de crescer em quantidade e qualidade.

Georgescu-Roegen, no livro de 1971 sobre The Entropy Law and the Economic Process, retomou o diálogo perdido com a termodinâmica, afirmando que a economia não poderia ignorar a lei segundo a qual em qualquer movimento material, que sempre utiliza energia, uma parte da mesma se dissipa em formas não (re)utilizáveis. Ou seja, simplificando um assunto extremamente complexo, os sistemas materiais caminham sempre na direção de um aumento da desagregação e da desordem. As formas complexas da natureza, portanto, se constroem através de uma luta coletiva contra esta tendência, que pode ser chamada de "neguentropia" (ou negação da entropia). O principal instrumento da neguentropia é a redistribuição e reciclagem permanente dos fluxos de matéria e energia disponíveis. É através da reciclagem e da redistribuição - manifestada, por exemplo, nas cadeias alimentares - que os seres vivos e ecossistemas conseguem sobreviver e se renovar.

A preocupação básica de Georgescu-Roegen se referia ao fato de que o sistema econômico humano, especialmente o moderno sistema industrial, na medida em que aumenta a escala e a velocidade dos fluxos de produção e consumo, ao mesmo tempo em que dificulta a reciclagem, estaria agindo na direção contrária à dos ciclos naturais. Em outras palavras, a dissipação de energia e matéria produzida pela ação humana estaria apressando a chegada de uma situação de desordem e de caos na natureza do planeta do qual dependemos para nossa sobrevivência.

Herman Daly, por outro lado, também partiu da recuperação de um diálogo com o século XIX, basicamente com John Stuart Mill, o único dos pais da economia política que chegou a considerar positivo o fim do crescimento da população e da produção humana no planeta. Na própria reflexão clássica sobre a dinâmica do sistema econômico, independentemente da sua relação com a natureza, estava prevista teoricamente a possibilidade de que as taxas decrescentes de lucro levariam em certo momento a uma situação em que os estoques de riquezas físicas e de pessoas permaneceriam constantes. Tal perspectiva, segundo Mill, que em geral angustiava os economistas, poderia ser vista como historicamente positiva. Segundo ele, um mundo super-povoado e super-cultivado, sem espaço para o silêncio, a solidão e a presença da vida selvagem, seria uma realidade medíocre e desagradável.

Por outro lado, como afirmou em uma famosa passagem, "a condição estacionária do capital e da população não implica em uma condição estacionária do avanço humano. Haverá tanto espaço como sempre para todos os tipos de cultura mental e para o progresso moral e social. Haverá muito mais espaço para a arte de viver, e seu avanço será plausivelmente muito maior, quando as mentes deixarem de ser obcecadas pela arte de adquirir". A visão de Mill foi renovada por Daly dentro de uma perspectiva ecológica, já que os limites do planeta tornavam absurda a idéia de um crescimento ilimitado da humanidade. Era necessário, portanto, fazer uma transição global ordenada para uma economia de estado estacionário, definida como sendo uma economia de equilíbrio biofísico e desenvolvimento moral.

É interessante observar que dois dos principais economistas ecológicos da atualidade possuem forte ligação com o Brasil e falam perfeitamente o português. Daly viveu muitos anos no Ceará, no início da sua carreira, quando começou a questionar os modelos tradicionais de desenvolvimento. Já Ignacy Sachs, que formulou a proposta do ecodesenvolvimento, migrou ainda jovem com sua família para o Brasil, onde viveu por 14 anos antes de retornar à Polônia e tornar-se discípulo do famoso economista Michal Kalecki. Mais tarde, após trabalhar intensamente com projetos de desenvolvimento na Índia e no Brasil, além de estabelecer-se academicamente em Paris, participou ativamente das discussões sobre meio ambiente e desenvolvimento no início dos anos 1970.

Nesta ocasião formulou a tese de que o mais importante não era discutir se o crescimento era desejável ou não, mas sim examinar a qualidade humana e ecológica do processo econômico. Ou seja, era preciso que a dinâmica do desenvolvimento econômico como um todo fosse repensada à luz da questão ecológica, dando origem a uma proposta de ?ecodesenvolvimento? fundada nos seguintes princípios: a satisfação das necessidades básicas; a solidariedade com as gerações futuras; a participação da população envolvida; a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; a elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito cultural; e programas de educação.

Foi com base na renovação teórica apresentada por estes autores, assim como por vários outros, que a busca por uma economia ecológica ganhou maior dinamismo, até chegar à variedade temática, analítica e propositiva que hoje podemos observar. É o que procurarei discutir na próxima coluna, tomando por base o programa do encontro de Delhi.

25 maio 2007

O Socialismo do Século XXI

Por Boaventura de Sousa Santos para Agência Carta Maior
No segundo artigo da série sobre os desafios presentes e futuros da esquerda, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos analisa o que poderia ser o "socialismo do século XXI". Para ele, não haverá socialismo e sem socialismos do século XXI.



O que de mais relevante está a acontecer a nível mundial, acontece à margem das teorias dominantes e, até, em contradição com elas. Há vinte anos, o pensamento político conservador declarou o fim da história, a chegada da paz perpétua dominada pelo desenvolvimento “normal” do capitalismo – em liberdade e para benefício de todos – finalmente liberto da concorrência do socialismo, lançado este irremediavelmente no lixo da história.

À revelia de todas estas previsões, houve, neste período, mais guerra que paz, as desigualdades sociais agravaram-se, a fome, as pandemias e a violência intensificaram-se, a China “desenvolveu-se” sem liberdade e mediante violações massivas dos direitos humanos e, finalmente, o socialismo voltou à agenda política de alguns países. Concentro-me neste último porque ele constitui um desafio tanto ao pensamento político conservador, como ao pensamento político progressista.

A ausência de alternativa ao capitalismo foi tão interiorizada por um como por outro. Daí que, no campo progressista, tenham dominado “terceiras vias”, buscando encontrar no capitalismo a solução dos problemas que o socialismo não soubera resolver.

Em 2005, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, colocou na agenda política o objectivo de construir o “socialismo do século XXI”. Desde então, dois outros governantes – tal como Chávez, democraticamente eleitos –, Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador), tomaram a mesma opção. Qual o significado deste aparente desmentido do fim da história? Qual o perfil da alternativa proposta ao capitalismo? Que potencialidades e riscos ela contém?

O socialismo reemerge porque o capitalismo neoliberal, não só não cumpriu as suas promessas, como tentou disfarçar esse facto com arrogância militar e cultural; porque a sua voracidade de recursos naturais o envolveu em guerras injustas e acabou por dar poder a alguns países que os detêm; porque Cuba – qualquer que seja a opinião a respeito do seu regime – continua a ser um exemplo de solidariedade internacional e de dignidade na resistência contra a superpotência; porque, desde 2001, o Fórum Social Mundial tem vindo a apontar para futuros pós-capitalistas, ainda que sem os definir; porque nesse processo ganharam força e visibilidade movimentos sociais, cujas lutas pela terra, pela água, pela soberania alimentar, pelo fim da dívida externa e das discriminações raciais e sexuais, pela identidade cultural e por uma sociedade justa e ecologicamente equilibrada parecem estar votadas ao fracasso no marco do capitalismo neoliberal.

O socialismo do séc. XXI, como o próprio nome indica, define-se, por enquanto, melhor pelo que não é do que pelo que é: não quer ser igual ao socialismo do séc. XX, cujos erros e fracassos não quer repetir. Não basta, porém, afirmar tal intenção. É preciso realizar um debate profundo sobre os erros e fracassos para que seja credível a vontade de evitá-los. Quando, em dezembro passado, o presidente Chávez anunciou o propósito de criar um partido socialista unificado a partir de diferentes partidos que apoiam o governo, o temor que tal gerou de, com isso, estar a propor um regime de partido único de tipo soviético, é bem demonstrativo de como estão vivas as memórias do passado recente.

Se tal desidentificação em relação ao socialismo do séc. XX for levada a cabo de maneira consequente, alguns dos seguintes traços da alternativa deverão emergir: um regime pacífico e democrático assente na complementaridade entre a democracia representativa e a democracia participativa; legitimidade da diversidade de opiniões, não havendo lugar para a figura sinistra do “inimigo do povo”; modo de produção menos assente na propriedade estatal dos meios de produção do que na associação de produtores; regime misto de propriedade onde coexistem a propriedade privada, estatal e colectiva (cooperativa); concorrência por um período prolongado entre a economia do egoísmo e a economia do altruísmo, digamos, entre Windows Microsoft e Linux; sistema que saiba competir com o capitalismo na geração de riqueza e lhe seja superior no respeito pela natureza e na justiça distributiva; nova forma de Estado experimental, mais descentralizada e transparente, de modo a facilitar o controle público do Estado e a criação de espaços públicos não estatais; reconhecimento da interculturalidade e da plurinacionalidade (onde for caso disso); luta permanente contra a corrupção e os privilégios decorrentes da burocracia ou da lealdade partidária; promoção da educação, dos conhecimentos (científicos e outros) e do fim das discriminações sexuais, raciais e religiosas como prioridades governativas.

Será tal alternativa possível? A questão está em aberto. Nas condições do tempo presente, parece mais difícil que nunca implantar o socialismo num só país, mas, por outro lado, não se imagina que o mesmo modelo se aplique em diferentes países. Não haverá, pois, socialismo e sim socialismos do séc. XXI. Terão em comum reconhecerem-se na definição de socialismo como democracia sem fim.

23 maio 2007

Trading Secrets

Published on Wednesday, May 23, 2007 by TruthDig.com

by Amy Goodman

The Democratic Party leadership is stabbing its base in the back with secret “free trade” deals made behind closed doors with the White House. Now congressional Democrats may be on the verge of a significant split. While Democratic leaders and President Bush do the hard sell on bipartisan immigration reform, they are now pushing secret, anti-worker, anti-environment trade agreements that will only exacerbate U.S. immigration problems.

The contentious agreements are bilateral trade deals between the U.S. and Peru, Panama, Colombia and South Korea. The deals were announced in a bipartisan press conference May 10, with principal credit going to Rep. Charles Rangel, D-N.Y., the chair of the House Ways and Means Committee (long dubbed by some as the “Ways to be Mean” Committee). According to Inside U.S. Trade, as noted by blogger David Sirota, House Democrats admit that the White House is drafting the legal language of the trade deals.

Rick MacArthur, publisher of Harper’s Magazine and author of the book “The Selling of ‘Free Trade’: NAFTA, Washington, and the Subversion of American Democracy,” calls these agreements “a fundraising gambit by the House leadership.”

He told me: “Rangel and [Speaker Nancy] Pelosi are saying, ‘Well, we’re gearing up for the 2008 election. We’ve got to raise a lot of money.’ They’re closer to the Clinton wing of the party, which is the pro-so-called-free-trade wing of the party, the pro-NAFTA, pro-permanent-normal-trade-relations-with-China part of the party. And this is a way of saying to the corporate community—Wall Street, Wal-Mart—that we’re open for business, we want to raise money from you.” In order to compete for campaign money, the logic goes, the Democrats have to cater to big corporate donors.

MacArthur points out that the agreements with the four small countries are not key. The big money, he says, lies with China. This is where Hillary Clinton comes in. She served on the Wal-Mart board of directors for six years when her husband was the governor of Arkansas (where Wal-Mart is based). Wal-Mart, MacArthur says, “depends on dedicated factories in China, where you cannot form a labor union. Wildcat strikes are met with violence. You get your head busted or you get thrown in jail.”

The corporate Democrats and their Republican allies are promising labor and environmental protections. But 13 years after NAFTA passed, with President Clinton orchestrating pork-barrel payouts to buy the vote, promised safeguards have proved unenforceable: Workers, especially in Mexico, earn low wages with little or no security, while companies crush union-organizing efforts and pollute with impunity. As jobs move to Mexico, China and other low-wage havens, the U.S. is the loser. Sen. Sherrod Brown, D-Ohio, knows it all too well: “We see that kind of job loss in the thousands … devastates communities. It hurts the local business owner, the drugstore, the grocery store, the neighborhood restaurant. It hurts communities. It hurts schools. It hurts police forces. It hurts fire departments.”

Sen. Russ Feingold, D-Wis., also slammed the trade deals, saying it was as if “the foxes and wolves had reached a deal on guarding the henhouse.” He went on: “I wish I could lay the blame at the feet of our colleagues in the other party. But members of both parties have aided and abetted these flawed policies.”

Feingold pointed out that the trade deals have not been endorsed by any union or environment groups, but they have been endorsed by three of the most powerful organizations representing corporate interests: the Business Roundtable, the National Association of Manufacturers and the U.S. Chamber of Commerce.

If the Washington power brokers are betting on Americans not understanding or caring about arcane trade policy, they should recall the Battle of Seattle. In late 1999, when the World Trade Organization tried to meet in Seattle to impose global corporate trade policies, it was met by tens of thousands of protesters, from Teamsters to environmentalists, healthcare workers to students to farmworkers. The meetings were shut down. Compound this potential backlash with the millions of hardworking immigrants now staring down the barrel of another bipartisan agreement. These are the people who took to the streets in the millions last year.

When the rules are rigged to allow money to move freely across borders, then people will follow. Falling wages south of the border, caused by “free trade,” drive people north—no matter how high the wall or how many detention facilities are built to contain them. Make no mistake about it—trade and immigration are linked.

Amy Goodman is the host of “Democracy Now!,” a daily international TV/radio news hour airing on 500 stations in North America.

© 2007 Amy Goodman; distributed by King Features Syndicate

Das gerações que não são mais futuras, são presentes.

Em breve 15 anos se passarão desde a ECO92 e infelizmente serão essas mesmas gerações nas quais os discursos foram tão enfatizados a realizarem o trabalho que deveria ter sido feito pelas anteriores.

18 maio 2007

Passeando pelo Youtube...
...algumas peças interessantes. Essas são em inglês.

Aqui uma da Nation Under Education :

Aqui uma brincadeira séria com consumidores britânicos, como enganá-los com rótulos e propagandas bacanas.

Aqui uma propaganda educativa da Evian:

Onde está de fato a nossa riqueza, artigo de Washington Novaes

“Recursos e serviços naturais tendem a valorizar-se a cada dia. Ainda mais que sua contribuição é e será decisiva para que não se agrave o problema mais dramático do nosso tempo, que está nas mudanças climáticas”

Washington Novaes é jornalista especializado em meio ambiente (wlrnovaes@uol.com.br). Artigo publicado em “O Estado de SP”:

Numa de suas últimas viagens ao Brasil, a escritora norte-americana Hazel Henderson - que, com seus conhecimentos econômicos e financeiros, tem desmontado tantos raciocínios que tentam sustentar o insustentável - disse que, “se você olha para o mundo real, e não para números loucos, vê que, numa análise per capita, o Brasil é um dos países mais ricos do mundo”.

De fato, como classificar de outra forma um território continental onde estão de 10% a 20% da biodiversidade do planeta, 12% do fluxo superficial de água, sol o ano inteiro, uma zona costeira com milhões de quilômetros quadrados?

Principalmente lembrando o estudo feito na Universidade da Califórnia por Robert Constanza e mais um grupo de economistas, para mostrar que, se fosse preciso substituir por ações humanas os recursos e serviços que a natureza presta gratuitamente (fertilidade do solo, regulação do clima, serviços hidrológicos, etc.), se chegaria a um custo de até três vezes o total do produto bruto mundial num ano. Isto é, esses recursos e serviços valeriam hoje até US$ 120 trilhões anuais.

Examinada a questão por outro ângulo, vê-se que recursos e serviços naturais são, cada vez mais, o fator escasso no mundo. Porque, de acordo com relatórios já citados aqui, estamos consumindo 25% além da capacidade de reposição da biosfera, com o déficit crescendo ano a ano.

E, sendo assim, esses recursos e serviços naturais tendem a valorizar-se a cada dia. Ainda mais que sua contribuição é e será decisiva para que não se agrave o problema mais dramático do nosso tempo, que está nas mudanças climáticas.

A conclusão óbvia seria a de que esses recursos e serviços deveriam ocupar um lugar central na estratégia política, econômica e social brasileira, com a definição dos caminhos mais apropriados para preservá-los e utilizá-los racionalmente, evitando perdas, desperdícios e incompetências.

Quem, entretanto, acompanhe o noticiário verá exatamente o contrário. Começará tomando conhecimento da irritação do presidente da República porque não obteve licença prévia um projeto altamente problemático - para dizer o mínimo - de implantação de mega-hidrelétricas na Amazônia.

Irritação seguida da ameaça de implantar em substituição uma usina nuclear, de energia caríssima, insegura e sem destinação para o dramaticamente perigoso lixo nuclear.

Verá também o Ibama sendo fatiado, supostamente porque seria culpado do não-licenciamento daquelas hidrelétricas - e não o incompetente e insuficiente estudo de impacto ambiental das usinas, feito pelos empreendedores.

Em seguida, verá - provavelmente com olhos esbugalhados - o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica propor que “projetos estratégicos considerados prioridade nacional” na área de energia (assim definidos pela Presidência da República) sejam eximidos de licenciamento ambiental e enviados por um Conselho de Defesa Nacional à Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, para ali serem autorizados.

“Trata-se de um retrocesso sem precedentes no trato da questão ambiental”, comentou uma representante do Ministério Público Federal, Sandra Cureau.

De fato. Em 2003 o Ibama concedeu 145 licenças ambientais, em 2006 foram 278. Mas se faz de conta que o problema está apenas ali, não nas inconveniências de projetos ou na omissão e incompetência de tantos estudos de impacto que lhe são submetidos.

Como quem não quer nada, e se fazendo de surda às vozes e a estudos competentes que mostram a desnecessidade de novas usinas, tantas são as possibilidades de economizar energia ou obtê-la por caminhos mais adequados, a Casa Civil da Presidência vai tramando também mudar a Resolução 237/97, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), para criar exceções convenientes às regras para licenciamento ali estabelecidas.

Para completar, por meio de projetos ou anteprojetos de um novo estatuto para o índio, regras para mineração em áreas indígenas ou áreas de preservação, extração de petróleo em áreas de conservação, vai-se tentando abrir à exploração descuidada ou predatória aqueles recursos e serviços naturais.

Só para que se tenha idéia do vulto do que está em jogo, o Mapa da Geodiversidade no Brasil, feito pelo Serviço Geológico nacional, lista 587 garimpos em áreas de proteção ambiental, dos quais 207 em áreas indígenas, 56 em parques nacionais, 292 em áreas de proteção permanente, 32 em outros tipos de reserva. E assinala 1.906 ocorrências minerais, 20% delas “intocadas”.

Não por acaso, na recente visita do papa, a Articulação dos Povos Indígenas fez chegar a ele carta em que mostra que “falta regularizar 61,76% das áreas indígenas no país, onde vivem 241 povos, com 734 mil pessoas que falam 180 línguas”. Uma riqueza e uma diversidade cultural sem paralelo no mundo.

E ainda considerada, em todos os relatórios do gênero, o caminho mais adequado para a conservação da biodiversidade no país, tais os resultados vistos na prática. Mas, em lugar de reconhecimento, esses povos continuam a assistir ao assassinato de seus líderes (257 em dez anos), ao suicídio em massa em grupos acuados.

Sempre que esse tema entra em discussão, não falta quem diga que “índio já tem terra demais” (até um ex-presidente da Funai entrou por esse caminho).

Esquecido de que qualquer pessoa no Brasil, após alguns poucos anos de ocupação de uma área de terra, tem o direito de reivindicar sua propriedade definitiva, por usucapião. Mas índios, que ocupavam todo o território nacional há séculos, não teriam esse direito.

Se não fosse pelo direito dos índios, deveríamos ter o cuidado de pelo menos lembrar que eles são os melhores guardiães de nossas maiores riquezas. E deixá-los em paz.
(O Estado de SP, 18/5)

08 maio 2007

A corrida por uma imagem sustentável

| 03/05/2007

O Itaú traz cada vez mais a sustentabilidade para o centro de sua estratégia -- e se esforça para ser reconhecido por isso

Por Mariana Mano para Exame

A alta cúpula do Itaú, segundo maior banco privado brasileiro, vive dias de expectativa desde a anunciada -- e ainda sem desfecho previsível -- venda do holandês ABN. Rumores acerca de uma negociação separada dos ativos no Brasil despertaram duas possibilidades que podem representar o negócio da década para o banco -- para o bem ou para o mal. Ou o Itaú fecha o negócio e assume a liderança no país ou um concorrente arremata as operações brasileiras e o deixa para trás. Esse é um movimento que pode mudar o rumo do banco, mas não o único. Nos últimos tempos, os executivos e os acionistas da instituição controlada pelas famílias Setubal e Villela têm dedicado boa parte de seu tempo a outro assunto que pode influenciar o futuro da instituição -- a sustentabilidade. A face pública dessa guinada é a palestra que o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, espécie de celebridade do combate ao aquecimento global, dará a convite do Itaú no próximo dia 12 de maio, no auditório do Ibirapuera, em São Paulo. Negociada durante quatro meses pela agência de publicidade Africa, de Nizan Guanaes, a apresentação vai reunir uma platéia de quase 800 convidados da instituição. A visita de Gore custará em torno de 1 milhão de reais. Embora seja pouco -- quase nada em termos absolutos para um colosso que lucrou mais de 4 bilhões de reais em 2006 --, o investimento marca de maneira simbólica a história do banco.

Não é de hoje que o Itaú, há sete anos listado no Dow Jones Sustainability Indexes, índice que reúne empresas socialmente responsáveis cotadas na bolsa de Nova York, discute o assunto dentro de casa. A diferença é que, mais recentemente, o banco tem se esforçado para aproximar cada vez mais a sustentabilidade do centro de sua estratégia. Uma das principais iniciativas foi a nomeação, em janeiro deste ano, da primeira diretora de sustentabilidade do Itaú, a paulista Sônia Favaretto, que era responsável por essa área no BankBoston até a aquisição do Itaú, no fim do ano passado. "Nunca tentamos usar o envolvimento do banco com assuntos ligados à sustentabilidade para promover nossa imagem nem vamos fazer isso de maneira ostensiva", diz Antonio Jacinto Matias, vice-presidente de marketing do Itaú e responsável pela coordenação das iniciativas de sustentabilidade e de responsabilidade social do banco. "Mas hoje estamos um pouco aquém do que poderíamos fazer em termos de levar o debate para os públicos com os quais nos relacionamos."

A movimentação do Itaú faz parte de uma ampla e acelerada transformação pela qual o mercado financeiro vem passando em todo o mundo. Poucos setores são tão organizados quanto o de bancos em relação à discussão sobre a sustentabilidade nos negócios. No Brasil, o caso mais notável é o do ABN Amro Real, que desde 2000 iniciou um movimento para colocar a sustentabilidade no centro de seus negócios. "O ABN foi o primeiro banco a apropriar-se de uma imagem sustentável, o que valorizou sua marca no país", diz Alejandro Pinedo, diretor da consultoria especializada em marcas Interbrand. O maior marco dessa organização foi a criação, em 2003, de um conjunto de regras socioambientais para concessão de crédito, conhecidas como Princípios do Equador, por um grupo de dez dos maiores bancos do planeta, entre os quais Citigroup e Credit Suisse. A lógica por trás dos princípios transpira negócios. Afinal, o risco ambiental e social das empresas que buscam crédito impacta diretamente sua capacidade de pagamento -- e, portanto, representa uma ameaça ao lucro das instituições que emprestam dinheiro. (Uma recente pesquisa da consultoria americana de avaliação de empresas Innovest mostra que os bancos que seguem os princípios possuem retorno financeiro maior.) Hoje, 51 bancos de grande porte -- entre eles os brasileiros Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Unibanco -- são signatários das regras, que têm se tornado mais e mais sofisticadas. Em julho de 2006, uma revisão reduziu, por exemplo, de 50 milhões para 10 milhões de dólares, o valor mínimo para que o projeto de financiamento seja avaliado segundo esses princípios. Neste ano, o Itaú foi além e baixou por conta própria esse valor para 5 milhões de reais (isso mesmo, reais).

Comida x Combustível

| 03.05.2007

No mundo, a produção de energia tira espaço dos alimentos no campo e recoloca o Brasil no injusto papel de vilão ambiental

A crise das Tortillas, no México: inflação por causa do etanol

Por Felipe Seibel

EXAME O etanol passou do papel de mocinho para o de bandido em poucas semanas. De alternativa de energia ecologicamente correta capaz de livrar o mundo da dependência do petróleo e aliviar a emissão de poluentes na atmosfera, virou um elemento com potencial para bagunçar o sistema agrícola mundial e inflacionar o preço dos alimentos. Essa percepção negativa foi manifestada recentemente por vários políticos e especialistas. No início do mês passado, por exemplo, um artigo publicado pelos economistas C. Ford Runge e Benjamin Senauer na respeitada revista americana Foreign Affairs alertava que a produção do álcool pode levar a um aumento do preço da comida, agravando o problema da fome nos países mais pobres. Dias depois, durante a 1a Cúpula Energética Sul-Americana, realizada na Venezuela, o presidente do país anfitrião, Hugo Chávez, pressionou para que o documento final do encontro fizesse um alerta sobre os problemas que poderiam ser causados pela expansão do biocombustível, mas a diplomacia brasileira barrou a idéia. Até o ditador cubano Fidel Castro, afastado do governo por problemas de saúde, resolveu meter sua colher na polêmica. Num texto publicado pelo jornal oficial Granma, Fidel caprichou na retórica apocalíptica, classificando a política de investimento no etanol como a "internacionalização do genocídio".

Por ser um dos maiores produtores de etanol do mundo, o Brasil encontra-se hoje sob a mira dos críticos. Na visão de muitos deles, o aumento do uso da cultura da cana para a fabricação de etanol representa uma ameaça à produção de alimentos para o país e para todo o mundo. Com isso, o país foi recolocado no posto de vilão ambiental do planeta (veja Vida Real na pág. 44). Além de uma imagem injusta, o raciocínio de que o investimento nacional em etanol vai agravar o problema da fome no mundo não encontra lastro na realidade. Embora tenha aumentado a destinação de matéria-prima para a produção de combustível, o Brasil não reduziu seu ritmo de produção de alimentos. Pelo contrário. A atual safra de grãos, de 125 milhões de toneladas, bateu recorde histórico. Além disso, o país tem hoje as melhores condições para multiplicar as áreas de canaviais, sem prejuízo de outras culturas. Um grupo do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República identificou 12 novas fronteiras adequadas ao plantio da cana-de-açúcar, sem qualquer tipo de impedimento legal ou ambiental. Elas se concentram em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás e totalizam quase 80 milhões de hectares, área equivalente à soma dos territórios de Alemanha e Espanha. "Além de termos terra sobrando, somos campeões de produtividade em etanol", afirma Eduardo Carvalho, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar.

Em boa parte, as preocupações a respeito dos efeitos colaterais da expansão do etanol têm sido baseadas no comportamento dos preços mundiais de alguns grupos de alimentos nos últimos meses. Um episódio emblemático ocorreu em fevereiro, quando dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de dez cidades do México para realizar o protesto que ficou conhecido como a marcha das tortillas. Prato de resistência da culinária local, a iguaria teve seu preço aumentado em 400% nos últimos meses. A variação foi provocada pelo aumento de seu principal ingrediente, o milho, que no caso mexicano é importado dos Estados Unidos. Como os americanos estão transformando em etanol boa parte dos grãos produzidos em seu território, o alimento está cada vez mais escasso para exportação. Com isso, a tortilla se tornou vítima de uma alta gerada pela clássica lei da oferta e da procura. De um ano para cá, a cotação do milho nas bolsas de Chicago e Nova York sofreu valorização de 50%. O alto preço da commodity pode afetar uma extensa cadeia de empresas que utilizam a matéria-prima na fórmula de seus produtos ou como ração para animais. A lista inclui leite, carne de frango e refrigerantes, entre outros itens.

Estados Unidos (Milho)
Total destinado à produção de alimentos (em %)
2005 86
2010(1) 71
2014(1) 64
Total destinado à produção de etanol (em %)
2005 14
2010(1) 29
2014(1) 36
(1) Projeção Fontes: USDA, Unica e Agroconsult


Brasil (Cana-de-açúcar)
Total destinado à produção de alimentos (em %)
2005 53
2010(1) 41
2014(1) 33
Total destinado à produção de álcool (em %)
2005 47
2010(1) 59
2014(1) 67
(1) Projeção Fontes: USDA, Unica e Agroconsult

Outro dos efeitos colaterais da corrida em busca dos combustíveis verdes são as queimadas que estão destruindo largas porções de florestas nativas na Ásia, sobretudo na Malásia e Indonésia. Isso ocorre para que a mata possa ser ocupada por plantações de palmeiras de dendê, cujo óleo é uma das matérias-primas para o biodiesel. No Brasil, o que preocupa os ecologistas é a expansão dos canaviais, que estaria empurrando a pecuária para áreas de preservação ambiental. "Mato Grosso do Sul é um dos exemplos de locais onde esse processo está ocorrendo", afirma Sérgio De Zen, professor de economia e administração da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em São Paulo.

À luz da alta recente de preços alimentares e de problemas ambientais, cada vez mais gente tem embarcado no pessimismo quando o assunto é etanol. Segundo essa corrente, o mundo estaria conhecendo hoje apenas os primeiros sintomas de uma doença muito mais grave, pois os investimentos na fabricação do etanol vêm se multiplicando. No Brasil, quase metade da cana-de-açúcar que entra no processamento das usinas já é destinada exclusivamente à produção de etanol, avançando sobre a fatia antes usada para o açúcar. Segundo as estimativas do setor, até 2014 a proporção de matéria-prima destinada à fabricação de combustível deve chegar a quase 70% (veja quadro). O dado fica mais impressionante quando se considera que o país deverá dobrar no período a área desse cultivo. Nos Estados Unidos, ocorre um fenômeno semelhante. Atualmente, apenas 14% do milho plantado vira etanol. Em 2014, a proporção vai subir para 36%.

O avanço das culturas destinadas à produção do combustível realmente impressiona, mas isso não significa que o planeta corre o risco de virar um grande milharal e canavial. Em suas previsões apocalípticas sobre o tema, muitos críticos simplesmente estão ignorando o efeito do avanço tecnológico na produção agrícola. Isso fica claro quando se analisa o cenário brasileiro. A curto prazo, o país tem boas chances de evoluir rapidamente na produção de etanol com a aprovação e o uso de novas variedades de sementes transgênicas. Elas têm potencial de aumentar em média 4,5% ao ano a produtividade das culturas de cana-de-açúcar. Outra forma que está sendo utilizada para melhorar a performance no campo é a transformação da pecuária extensiva em semi-intensiva. Com isso, largas áreas ocupadas por gado podem ser utilizadas para cultivo de produtos agrícolas. Além de não prejudicar a produtividade da pecuária, esse sistema aumenta a rentabilidade do produtor. "Ganho dinheiro arrendando parte das minhas terras para uma usina de álcool da região e economizo em ração, pois meu gado passou a ser alimentado com bagaço de cana-de-açúcar", afirma o fazendeiro Francisco Junqueira, um dos maiores pecuaristas de São Paulo. Há dois anos, quando firmou um acordo com a usina, metade dos 7 000 hectares de suas propriedades em Lins, no interior paulista, deixou de servir de pasto. No lugar, hoje se vêem tapetes de canaviais. Junqueira continua criando as mesmas 10 000 cabeças de gado, mas numa área muito menor.

Oportunidades para o Brasil
À medida que os agricultores americanos se dedicam a expandir as plantações de milho para a produção de etanol, em prejuízo de outras culturas, surgem espaços no mercado dos Estados Unidos que podem ser aproveitados pelos produtores brasileiros
Milho
Com as plantações nos Estados Unidos canalizadas para a produção de combustível, começa a faltar milho no país para alimentação. Em razão disso, o preço do produto já aumentou 40%. O Brasil é o país que tem maiores possibilidades de suprir essa demanda
Soja
As plantações do grão perdem espaço para o milho nos Estados Unidos. A tendência é uma valorização da soja, e o único país capaz de expandir rapidamente a fronteira é o Brasil

NO CASO DO PRINCIPAL concorrente brasileiro no mercado do combustível verde, o cenário é outro, a ponto de a revista inglesa The Economist, num artigo recente, usar as expressões bom e mau etanol para ilustrar a diferença. Segundo a revista, a produção brasileira está no campo positivo e, a americana, no negativo. Nos Estados Unidos, a briga por espaço no campo entre culturas destinadas à comida e à energia é uma realidade. Como o terreno para a expansão agrícola é bem mais restrito por lá, as plantações de milho só podem crescer se roubarem espaço de outras culturas, como a de cevada, o que pode levar as cervejas a sofrer o efeito tortilla. Em razão das quantidades cada vez maiores de grãos canalizados para a fabricação de etanol, os avicultores também enfrentam problemas. Estima-se que seus custos vêm crescendo à média de 1,5 bilhão de dólares por ano em razão da alta de preço do milho utilizado nas rações. As mudanças no agronegócio americano são tão abruptas que a capital do gado, o Texas, transformou-se na terra do etanol. Duas das maiores usinas de álcool do país estão sendo construídas no estado e devem entrar em operação até dezembro. Ao todo, os Estados Unidos estão investindo 16 bilhões de dólares na construção de 80 novas usinas para a fabricação de combustível nos próximos anos.

Apesar da facilidade que a maior potência econômica tem para injetar dinheiro no negócio, está cada vez mais claro que o modelo em que ele se sustenta hoje é equivocado. Além de provocar transformações negativas no agronegócio americano, a fabricação de etanol com base no milho está longe de ser um exemplo em termos de eficiência. O combustível obtido no Brasil com a cana-de-açúcar leva vantagem no preço final (25% mais barato) e na produtividade de litros por hectare (o dobro da média americana). Se não bastasse, a cana-de-açúcar gasta quatro vezes menos energia do que o milho para que se fabrique o etanol (ou seja, não adianta nada ter um combustível verde que precisa de uma quantidade enorme de diesel para ser fabricado). Os Estados Unidos vêm comendo poeira nessa área mesmo com o governo George W. Bush injetando subsídios no setor (foram 9 bilhões de dólares só no ano passado). Para proteger o mercado interno, Bush ainda dificulta a importação do produto impondo barreiras -- cada galão de etanol brasileiro paga 0,54 dólar de "pedágio" para entrar nos Estados Unidos.

Mas a evolução tecnológica também pode mudar as coisas por lá -- pelo menos é o que apostam algumas das figuras mais destacadas da sociedade americana. "A atual geração de etanol envolve uma certa polêmica, mas, se trabalharmos corretamente, em cinco anos teremos uma nova geração de combustíveis verdes", afirmou numa palestra recente o ex-vice-presidente americano Al Gore. Um dos produtos mais promissores dessa nova geração é o chamado etanol celulósico, que pode ser feito de qualquer tipo de planta, incluindo a palha de milho e o bagaço da cana-de-açúcar. Na visita recente de George W. Bush ao Brasil, os dois países firmaram um acordo que prevê parcerias em pesquisa para o desenvolvimento comercial do produto. As previsões de quando isso pode acontecer variam de cinco a dez anos. "Com essa tecnologia, vai ocorrer uma expansão vertical da produção", afirma Marcos Jank, presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone). "O combustível obtido da celulose vai permitir dobrar a produtividade do etanol, atualmente de 7 000 litros por hectare."

Em razão dos benefícios que os avanços tecnológicos devem trazer a esse campo, é mais fácil Fidel Castro se naturalizar cidadão americano do que o etanol gerar uma "internacionalização do genocídio". Em termos de futuro, o que é líquido e certo é que o mapa agrícola mundial nunca mais terá a mesma cara depois do advento dos biocombustíveis. No Brasil, além da expansão da cana-de-açúcar, a tendência é ocorrer um investimento maior na cultura do milho, a fim de suprir a demanda dos Estados Unidos de grãos para alimentação (veja quadro). Num futuro próximo, largas porções da Ásia e da Europa devem privilegiar culturas destinadas a irrigar a produção de biodiesel.

A velocidade das transformações no mapa agrícola mundial vai depender do aumento da demanda pelos combustíveis verdes. Nos Estados Unidos, a intenção do presidente Bush é que, dentro de uma década, eles representem 15% do total consumido por carros e caminhões no país. Na Europa, a idéia é que eles substituam 6% do diesel atualmente consumido até 2010. Planos semelhantes vêm sendo adotados em outros países, como o Japão, com o objetivo de reduzir a emissão de poluentes na atmosfera. Alguns analistas entendem que, mesmo se o movimento conduzir a um pequeno aumento de preço dos alimentos -- por ora algo ainda no terreno das hipóteses --, não será necessariamente uma coisa ruim. Faz sentido. Não há mesmo como chamar de catástrofe um processo que pode, ao mesmo tempo, melhorar a renda no campo e a qualidade de vida no planeta.

03 maio 2007

Choradeira’, só se for pelo meio ambiente
Por Gustavo Barreto do Consciência.net

Usar a mídia deles contra eles próprios. Esta foi a forma que o Greenpeace achou para protestar contra a multinacional Kimberly-Clark, que produz o papel Kleenex e outros produtos de papéis descartáveis com árvores de antigas florestas ('ancient forests'), incluindo a Floresta Boreal do Canadá.

Em uma das campanhas de mídia da Kimberly-Clark, as pessoas eram convidadas a sentar em um sofá colocado no meio de uma movimentada rua de Nova Iorque. A idéia era fazer com que as pessoas falassem sobre assuntos pessoais de triste lembrança e, ao chorarem, utilizassem os lenços Kleenex.

Os ativistas fizeram, então, uma ação durante as gravações. Uma das integrantes do grupo se ofereceu para falar, sem anunciar que era ativista do Greenpeace, ao mesmo tempo em que seus colegas preparavam cartazes da campanha, que pedia mudanças na política ambiental da Kimberly-Clark. O resultado está no vídeo abaixo.Os ativistas também ocuparam a fábrica da multi em Ontário, no Canadá, e intervieram em reuniões de acionistas e conselheiros da empresa, no Texas, Estados Unidos. As ações foram em fevereiro deste ano, mas a campanha continua. O Greenpeace prometeu que irá continuar a interromper as operações da Kimberly-Clark e mobilizar os seus clientes até que o seu CEO Thomas Falk e a sua empresa parem de destruir a Floresta Boreal.

O vídeo está disponível em http://www.youtube.com/watch?v=sZCym0DB7hA

Conheça a campanha pelo site http://www.kleercut.net