24 março 2007

Carbono, um olho na marca outro no futuro

Por Adalberto Wodianer Marcondes na Envolverde

A febre de neutralização de carbono está atingindo as empresas e organizações como uma verdadeira epidemia. Os críticos a acusam de ser apenas um paliativo para as necessidades planetárias de redução das emissões de CO2, uma vez que dá às organizações a falsa impressão de que estão fazendo sua parte. Esta sensação poderia inibir a busca por soluções mais efetivas, que passem por uma profunda revisão de processos produtivos e redução de demandas energéticas.

Por outro lado, muitas organizações precisam de tempo e investimentos para a efetividade de suas ações de redução de emissões de gases de efeito estufa (principalmente CO2 e metano). Enquanto isso poderiam compensar suas emissões através de projetos de neutralização baseados em plantio de árvores ou financiando projetos de eficiência energética de alto impacto social. Como operações casadas e coordenadas no tempo, a neutralização e o investimento em redução de emissões têm, em tese, a capacidade de formar um novo cenário de emissões atmosféricas.

Há, também, as pequenas e médias empresas, que sozinhas não têm a capacidade de realizar reduções significativas de suas emissões de gases estufa. Por isto, para estas, as ações de neutralização são um caminho eficiente. Para estas empresas ser neutras em CO2 é uma maneira de cumprir sua parte e agregar valor a seus produtos, uma vez que os consumidores estão mais sensíveis ao tema “aquecimento global” e existe uma predisposição por produtos e serviços amigáveis com a natureza.

No entanto, vale ressaltar que o simples ato de pagar pelo plantio de árvores está muito longe de ser um real comprometimento com as metas globais de redução de emissão de gases estufa. O engenheiro florestal marco Antonio Fujihara, do Instituto Totum, e um dos mais importantes especialistas brasileiros em gestão empresarial de emissões e crédito de carbono, alerta que a redução das emissões de gases estufa, tanto para a simples neutralização, como para a qualificação para créditos de carbono deve fazer parte de um processo amplo de sustentabilidade empresarial. “As empresas têm de estabelecer metas de perenidade, não importa o seu porte”, diz Fujihara.

Isto significa que não importa o tamanho da organização, o que realmente é relevante é se ela tem em seus princípios a sustentabilidade econômica, ambiental e social como valor absoluto. Caso contrário qualquer ação isolada cai no campo da filantropia ou do marketing.

Marketing Verde

A utilização da neutralização das emissões de carbono em ações de marketing tem sido vista como uma oportunidade de ganho de imagem junto ao mercado e aos consumidores. De fato, existe uma certa simpatia do público em relação a empresas que têm uma ação ambientalmente responsável. Mas o grande ganho para estas empresas é se realmente elas atuam dentro de padrões de sustentabilidade e assumem, mesmo sem esta intenção, a posição de benchmarking em seus setores.

Empresas líderes são admiradas e vistas entre seus pares como modelos as serem seguidos. O jornalista Rogério Ruschel, que trabalha há anos com comunicação socioambiental empresarial, acredita que as organizações que demonstram em suas ações fortes princípios de governança e sustentabilidade acabam por contaminar o mercado e espalhar estes conceitos. “A incorporação dos processos de comunicação aos princípios de sustentabilidade pode ampliar de forma exponencial o alcance das ações”, explica Ruschel. Para ele as organizações devem ter uma comunicação vertical e horizontal, uma vez que a integração de cada um de seus colaboradores nas ações de sustentabilidade e responsabilidade social empresarial é fundamental para que a empresa torne-se organicamente sustentável. Do ponto de vista da horizontalidade, a visibilidade para clientes, fornecedores e sociedade oferece muito mais segurança e confiança na relação com os diversos públicos. Mas alerta: “Toda comunicação relacionada a sustentabilidade, incluindo iniciativas de neutralização, deve ter como foco a educação para novos valores, a mudança de comportamento e atitudes; sem isso, será apenas “marketing verde”, que é indesejável”, acrescenta Ruschel.

É muito importante que as organizações compreendam a motivação de sua busca por processos de sustentabilidade e, dentro desta linha, por ações de neutralização de suas emissões de gases de efeito estufa. Desta compreensão deriva todas as ações que a organização realizará e o sucesso ou não das metas estabelecidas.

Serviço

Ainda este mês profissionais como Marco Antonio Fujihara,do Instituto Totum, Rogério Ruschel, da Ruschel e Associados, Adauto Basílio, da SOS Mata Atlântica, Jean Philippe Leroy, Superintendente Executivo do Bradesco e Paulo de Souza, Consultor para Inventários Corporativos de Emissões do Instituto Totum estarão apresentando um seminário em São Paulo com o tema “Como tornar-se uma empresa Carbono Zero”. O objetivo é justamente mostrar como e porque ser uma empresa com suas emissões neutralizadas.

Mais Informações podem ser obtidas pelo site:
http://www.geocities.com/envolverde/Banners/468x60/CarbonoZero.pdf
(Agência Envolverde)

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